quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Coronelismo na música

O mocinho: Ao tirar sua carteira da Ordem dos Músicos do Brasil, em 1978, o violonista, compositor e professor Eduardo Camenietzki, então com 18 anos, jamais poderia imaginar que se tornaria símbolo de uma luta contra a instituição que regulamenta a profissão de músico no país desde 1965. Passados 28 anos, Camenietzki teve seu registro cassado no mês passado pela OMB-RJ, e aguarda o julgamento definitivo do caso pelo Conselho Federal da entidade.

Os Coronéis: O juiz aposentado Wilson Sândoli que ocupa o cargo de presidente desde 1965, quando assumiu a OMB após uma intervenção do governo do marechal Castelo Branco.
O presidente regional da OMB , João Batista Viana.

A história: Junto com outros músicos, Eduardo resolveu montar uma chapa de oposição para concorrer às eleições da OMB, o presidente mudou a data das eleições, que estavam marcadas para novembro, mas foram realizadas em julho. A chapa de oposição não teve tempo de se organizar e não pôde concorrer às eleições.

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A notícia, na íntegra, aqui.)

Afinal, para que serve a Ordem dos Músicos do Brasil? Camenietzki responde:

-Hoje, não serve para rigorosamente nada. Tudo que a Ordem oferece aos músicos é um auxílio funeral e uma sede campestre em Itaboraí. A OMB não se manifesta a respeito de direitos autorais, sobre tabela dos serviços, qualificação, concursos, prêmios, muito menos a favor de qualquer movimento importante surgido na música brasileira nos últimos 20 anos. Não há nada informatizado, tudo é mantido em velhas fichas de papel. Hoje, a rigor, o músico só pode contar com a Ordem para descansar em Itaboraí ou ser enterrado.
E continua:
– O problema começou quando resolvi acordar junto com a classe. Notamos que estávamos abandonados nas mãos das pessoas que dirigem a OMB há muitos anos. Entre as muitas irregularidades que levantamos está a ausência de assembléias gerais, a desobediência às determinações legais para a realização de cursos de aperfeiçoamento dos músicos e o oferecimento de prêmios, além da existência de delegacias da Ordem no interior sem sedes públicas, que funcionam em residências particulares, o que contraria a lei. Tudo culminou com o abaixo-assinado que fizemos contra a antecipação das eleições. Logo em seguida me chamaram ao conselho de ética para que esclarecesse quais eram as irregularidades. Depois desse episódio, a Ordem teve acesso a um e-mail particular, enviado a outros músicos e no qual me referia ao presidente da OMB do Rio, João Batista Viana, como “presidente papa-defunto” por conta de sua política assistencialista de oferecer enterros aos profissionais em pior situação. Usaram isso para me cassar, dizendo que desrespeitei a figura do presidente.
A deliberação do Conselho de Ética que cassou o registro do músico é irreversível e só pode ser revista em um novo julgamento no conselho federal da entidade, ainda sem data marcada. A diretora do Centro de Música da Funarte, Ana de Hollanda, fez uma reunião com as partes envolvidas na discussão, no dia 19 de dezembro, para tentar uma solução amistosa para o impasse, o que não ocorreu. No encontro com o presidente João Batista Viana e os advogados da entidade, Ana tomou conhecimento de uma situação um tanto peculiar, que poderia acontecer no julgamento do Conselho Federal, caso o seu presidente, Wilson Sândoli, estiver impossibilitado de comparecer
- O João Batista me informou que neste caso quem preside o conselho é ele mesmo, por ser o vice-presidente. Isso é no mínimo estranho, pois estaria julgando uma ação movida por ele próprio – conta Ana.
Entre os músicos que assinaram um manifesto de repúdio à ação da OMB estão: Chico Buarque, Francis Hime, Carlos Lyra , Herminio Bello de Carvalho, Roberto Frejat e Jards Macalé.

2 comentários:

Daniel Boa Nova disse...

putaqopariu, Bel!

como eu odeio a OMB!
Máfia dos infernos!

Se souber de qualquer movimento pra extinguir esse lixo, me repasse, please!

Bel disse...

Pode deixar.