Srta. F., insatisfeita com o rumo que seu corpo está tomando, resolve começar a fazer dieta e praticar exercícios. Como mora perto da Lagoa, nada lhe parece mais lógico que começar a gastar suas calorias em caminhadas diárias, na pista que a circunda.
Depois de uma semana desta nova rotina, sente-se satisfeita com seu desempenho : caminha 4 km de passadas largas e ritmadas e depois ainda é capaz de subir a ladeira que a leva de volta à sua casa.
Está no décimo dia de caminhadas e desce a ladeira , avaliando, orgulhosa a melhora de sua disposição , da sua capacidade respiratória e até do seu humor, por que não? Sem contar na diminuição considerável da sua cintura.
- Oi, tudo bem? - diz a vizinha-atriz-famosa-celebridade, passando ao seu lado , vestida com roupas de ginástica , levando um daqueles cachorros magrinhos de corrida na coleira.
- Oi! Tudo bem. E você? - responde
- Tá indo prá Lagoa? Posso te acompanhar?
- Tô... Pode...
Chegando na pista da Lagoa , a global começa a correr e grita:
- Vambora!
Srta. F., atordoada, começa a correr atrás. Com apenas cinco minutos de corrida, sente que seus pulmões são pequenos para absorver a quantidade de ar que necessária para aquela atividade. A atriz, que até então , vinha correndo e falando no celular, desliga o aparelho e fala:
- Não desanima não que a gente tá só começando... Se concentra na respiração. Vamo lá!
O antes falado, agora torna-se berrado:
- Você pode! Acredita! Tá tudo na cabeça!
As pernas da Srta. F. começam a arder e ela se lembra daquela maldita varize , que já devia ter operado, que desse jeito vai arrebentar, ah vai...
Ela tem a impressão que não sua mais em gotas , mas em esguichos e isso a faz lembrar, que sua boca está completamente seca. Vai desidratar... Devia ter bebido mais água hoje. Devia beber mais água sempre! Toda mulher linda diz que seu segredo é beber bastante água e ela aqui gastando tudo o que tem e o que não tem...Olha prá vizinha, que matraca novamente no celular. Como ela consegue falar?! Falar não, discutir com alguém que parece ser seu empresário. Ela não quer fazer um comercial ou algo parecido. Correr, segurar o cachorro numa mão, o celular na outra, discutir e decidir se vai fazer um comercial?! Será que ela é um robô?
Quando ela finalmente desliga, Srta. F. avista um carrinho de água de coco. Usa todas as suas forças para apontar e sussurra: - Água...
- Tudo bem, mas só um pouquinho e tem que ser rápido!
Após alguns goles revitalizantes da água, enquanto a vizinha e o cachorro continuavam quicando ao seu lado, sente seu braço ser puxado e o tormento prossegue.
Agora é o coração que não está dando conta de bater o tanto necesário.
- Vou parar...
- Tá maluca? Não senhora! Você consegue! Tá tudo na cabeça! Seu corpo tá tentando te enganar que não vai dar, mas quem manda é a cabeça!! Se concentra! Deixa de ser molenga! Uma corridinha à toa! - aos berros, claro...
- Se eu infartar, será que dá tempo de chegar no Miguel Couto? Prá que lado ele fica mesmo? De que lado da lagoa eu estou? Ai... minhas costas... Por que estes caras não páram de olhar pros meus peitos? - é o que povoa seus pensamentos, quando um súbito bem estar toma conta do seu corpo. Que é isso? Está respirando bem, o suor tá até refrescante...- Nossa como o Rio é lindo, né? Que delícia poder correr com uma paisagem destas... - Arrisca-se até a aumentar um pouco o ritmo e o corpo responde bem...
- Sabe o que eu queria? Ser personal trainer? Eu acho que meu talento é esse! Nossa, você tá com outra cara! - A atriz segue verborrágica.
- É... - responde acanhada-orgulhosa.
- Aí. Pronto! Completamos a volta!
- O quê?!! Uma volta inteira na Lagoa?! 7 Km...- pensa Srta. F.
- Cê tá de parabéns, viu? Correu bem! Até a próxima. Vou na pet-shop ali. Tchau!
- Tchau! Brigada, hein?
Srta. F. agora corre todo dia. Não a volta inteira. 5 Km. Tem noite que fica com vontade de levantar da cama e ir correr. Sua amiga disse que ela viciou na endorfina. Mas antes de sair de casa , sempre dá uma espiadinha prá ver se a vizinha não está por perto. Nâo é ingratidão , é auto-preservaçâo...
Depois de uma semana desta nova rotina, sente-se satisfeita com seu desempenho : caminha 4 km de passadas largas e ritmadas e depois ainda é capaz de subir a ladeira que a leva de volta à sua casa.
Está no décimo dia de caminhadas e desce a ladeira , avaliando, orgulhosa a melhora de sua disposição , da sua capacidade respiratória e até do seu humor, por que não? Sem contar na diminuição considerável da sua cintura.
- Oi, tudo bem? - diz a vizinha-atriz-famosa-celebridade, passando ao seu lado , vestida com roupas de ginástica , levando um daqueles cachorros magrinhos de corrida na coleira.
- Oi! Tudo bem. E você? - responde
- Tá indo prá Lagoa? Posso te acompanhar?
- Tô... Pode...
Chegando na pista da Lagoa , a global começa a correr e grita:
- Vambora!
Srta. F., atordoada, começa a correr atrás. Com apenas cinco minutos de corrida, sente que seus pulmões são pequenos para absorver a quantidade de ar que necessária para aquela atividade. A atriz, que até então , vinha correndo e falando no celular, desliga o aparelho e fala:
- Não desanima não que a gente tá só começando... Se concentra na respiração. Vamo lá!
O antes falado, agora torna-se berrado:
- Você pode! Acredita! Tá tudo na cabeça!
As pernas da Srta. F. começam a arder e ela se lembra daquela maldita varize , que já devia ter operado, que desse jeito vai arrebentar, ah vai...
Ela tem a impressão que não sua mais em gotas , mas em esguichos e isso a faz lembrar, que sua boca está completamente seca. Vai desidratar... Devia ter bebido mais água hoje. Devia beber mais água sempre! Toda mulher linda diz que seu segredo é beber bastante água e ela aqui gastando tudo o que tem e o que não tem...Olha prá vizinha, que matraca novamente no celular. Como ela consegue falar?! Falar não, discutir com alguém que parece ser seu empresário. Ela não quer fazer um comercial ou algo parecido. Correr, segurar o cachorro numa mão, o celular na outra, discutir e decidir se vai fazer um comercial?! Será que ela é um robô?
Quando ela finalmente desliga, Srta. F. avista um carrinho de água de coco. Usa todas as suas forças para apontar e sussurra: - Água...
- Tudo bem, mas só um pouquinho e tem que ser rápido!
Após alguns goles revitalizantes da água, enquanto a vizinha e o cachorro continuavam quicando ao seu lado, sente seu braço ser puxado e o tormento prossegue.
Agora é o coração que não está dando conta de bater o tanto necesário.
- Vou parar...
- Tá maluca? Não senhora! Você consegue! Tá tudo na cabeça! Seu corpo tá tentando te enganar que não vai dar, mas quem manda é a cabeça!! Se concentra! Deixa de ser molenga! Uma corridinha à toa! - aos berros, claro...
- Se eu infartar, será que dá tempo de chegar no Miguel Couto? Prá que lado ele fica mesmo? De que lado da lagoa eu estou? Ai... minhas costas... Por que estes caras não páram de olhar pros meus peitos? - é o que povoa seus pensamentos, quando um súbito bem estar toma conta do seu corpo. Que é isso? Está respirando bem, o suor tá até refrescante...- Nossa como o Rio é lindo, né? Que delícia poder correr com uma paisagem destas... - Arrisca-se até a aumentar um pouco o ritmo e o corpo responde bem...
- Sabe o que eu queria? Ser personal trainer? Eu acho que meu talento é esse! Nossa, você tá com outra cara! - A atriz segue verborrágica.
- É... - responde acanhada-orgulhosa.
- Aí. Pronto! Completamos a volta!
- O quê?!! Uma volta inteira na Lagoa?! 7 Km...- pensa Srta. F.
- Cê tá de parabéns, viu? Correu bem! Até a próxima. Vou na pet-shop ali. Tchau!
- Tchau! Brigada, hein?
Srta. F. agora corre todo dia. Não a volta inteira. 5 Km. Tem noite que fica com vontade de levantar da cama e ir correr. Sua amiga disse que ela viciou na endorfina. Mas antes de sair de casa , sempre dá uma espiadinha prá ver se a vizinha não está por perto. Nâo é ingratidão , é auto-preservaçâo...
3 comentários:
Or perhaps not...
But we will adapt to whatever it may be, worsen or improve with it... who knows.
Peace
Our society has chosen its priorities quite clearly: surfaces. So it is no surprise that centers hold no interest. And yet, whether there is interest or not, the lie of surfaces, of style, of disposability, is a lie. Whether or not we believe in depths, there can be no surface without them. And whether or not we change clothes or personalities, these are not what we are responsible to. Not when we sit alone in a room with only ourselves, not when we wish to participate in and understand creation.
Bel, ri muito lendo , apesar de conhecer a estória da nossa amiga F. Adorei seu pequeno conto!
bj!
Ana.
OBS: Nossos passeios esta semana foram ótimos!!!
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